Desde que pensei em começar a escrever eu sabia que um dos primeiros assuntos que eu gostaria de abordar neste blog seria a intolerância à histamina, primeiro pela dificuldade que tive em encontrar alguém que me desse um diagnóstico, gastei rios de dinheiro com médicos e tratamentos com profissionais de dentro e fora do meu estado. Segundo pela dificuldade que o tratamento traz apesar de você saber o que tem. Neste artigo você fica sabendo o caminho que percorri até ter um diagnóstico final.
Sumário do Conteúdo
Mas afinal o que é Intolerância à histamina?
Pelo que entendi esse é um assunto recente aqui no Brasil. Por isso ainda é difícil encontrar profissionais que consideram essa possibilidade. Também existe o fato de os sintomas manifestados serem bem diversificados, sendo desde ansiedade até sintomas gastrointestinais.
Durante minhas pesquisas sobre o assunto, o local onde eu encontrei mais informações a respeito da intolerância à histamina foi neste site que me foi indicado por uma nutricionista, de quem eu havia comprado um ebook sobre dieta anti-histamínica. Meu diagnóstico é recente. Eu não tenho conhecimentos teóricos a respeito de intolerância à histamina, também não tenho nenhuma formação na área da saúde, então o que eu entendi até agora é que a histamina se trata de uma substância natural do nosso corpo que está ligada ao sistema imune e que é liberada em algumas situações, como em uma reação alérgica por exemplo.
Você pode ter sintomas de intolerância à histamina devido estar com um acúmulo dessa substância no corpo por motivos específicos e após um tempo de restrição de certos alimentos ou a cessação da causa do acúmulo conseguir voltar a ingerir esses alimentos, no meu caso, que também é o caso de muitas outras pessoas, eu tenho uma “deficiência” nos genes que fabricam a enzima Diamina Oxidase (DAO), que é responsável pela degradação da histamina no organismo “normal”, assim, ela acumula no meu corpo causando sintomas.
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Como descobri a Intolerância à histamina
O primeiro sintoma da intolerância à histamina que eu tive foi muito estranho…mas agora tenho certeza que já era ela dando as caras. Tudo começou uns quatro meses após meu primeiro filho nascer. Eu comecei a ter disfagia, que é a dificuldade pra engolir os alimentos, eu fiquei muito preocupada pois achei que estivesse com uma doença neurológica, mas ela não progrediu…apenas permanecia ali e me causava engasgo algumas vezes.
Em 2020, quando meu filho completou dois anos decidimos retornar à clínica de fertilização para tentar um segundo filho (Eu tive que fazer inseminação para conseguir engravidar do meu primeiro). Mas devido à chegada da pandemia e à vagareza na realização dos exames e procedimentos decidi procurar uma nutricionista voltada para a fertilidade e tentar naturalmente por um tempo. A nutricionista então propôs uma alimentação mais natural e retirou alguns alimentos, dentre eles o glúten.
Após a realização dos exames nutricionais e os exames pedidos pela clínica de reprodução tive um resultado de cobre sérico baixo, e, um exame de doença autoimune que antes era negativo agora estava positivo, no entanto, com um “traço” que pode aparecer em pessoas normais, ou seja, talvez eu tivesse ou não uma doença autoimune. Mas havia um agravante… não é comum pessoas sadias terem o cobre baixo, mas até então para mim era simplesmente suplementar e pronto.
Comecei a suplementação do cobre na dose usual, e fora isso procurei descartar doenças neurológicas, pois, como meu objetivo era estar bem para engravidar era uma coisa que me preocupava muito.
Nenhuma doença neurológica detectada nos exames. Ufa! Mas e o cobre? O cobre continuava baixo…aumentamos a dose para 3 vezes o normal que uma pessoa tomaria… tomei o tempo que a nutricionista pediu e nada… era como se eu estivesse tomando água.
Daí pra frente, como eu disse no início do texto, foram rios de dinheiro… fui a vários médicos aqui no meu Estado que trabalhavam com suplementos injetáveis… fizemos uma, duas, três vezes… não subia. Todos os médicos e nutricionistas que eu ia diziam que nunca haviam visto aquilo. Procurei nutricionistas de outros Estados que repetiam a mesma frase… eu já deixava de ficar preocupada e me convencia de que eu deveria ter alguma mutação e que para meu corpo aquele cobre baixo era normal.
De repente, diante daquela ansiedade toda, já que eu estava somente tentando regularizar meu cobre para fazer uma tentativa de inseminação artificial, eu percebi que eu não tinha mais a disfagia… isso já haviam se passado uns seis meses desde que a nutricionista havia cortado o glúten da minha alimentação.
Foi então que surgiu uma nova possibilidade: a doença celíaca, uma doença autoimune, que prejudica a absorção de nutrientes e está ligada ao consumo do glúten. Parecia que enfim eu achava a causa daquele cobre baixo.
E lá fui eu fazer novos exames para comprovar se a doença celíaca seria a causa do meu problema. Isso já era abril de 2021. Todos os meus exames vieram negativos para a tal doença. Foi então que surgiu outra hipótese levantada pelos profissionais: “olha…como você já está há mais de seis meses sem comer trigo pode ser que seus exames tenham dado um “falso negativo”… você precisa comer glúten por 3 meses e repetir os exames”.
Naquele momento eu nem sabia mais o que eu ia fazer… só pensava que cada dia mais eu adiava minhas tentativas de engravidar e minha ansiedade aumentava cada vez mais. E não era só minha ansiedade que aumentava, mesmo que eu estivesse com uma alimentação toda natural, sem comer açúcar e trigo, e comendo alimentos muito nutritivos parecia que minha dermatite só piorava, mas eu imaginava que era por conta do estresse pelo qual eu estava passando.
Como eu já havia feito todos os exames que a clínica de reprodução havia pedido e alguns venceriam e eu teria que repetir, eu tomei a decisão de continuar com os cuidados de não ingerir trigo e tentar ter meu bebê.
Entre abril de 2021 e março de 2022 fizemos três tentativas junto à clínica de reprodução, mas infelizmente todas falharam… eu não aguentava mais aquela dificuldade imposta pela restrição do glúten pois além de ter que levar minha alimentação para onde quer que eu fosse eu tinha medo até de esquentar minha marmita no micro-ondas do serviço… foi então que, com muita tristeza no coração, tomei a decisão de que não tentaria outro filho.
Parei de tomar todas as vitaminas que eu estava tomando, apenas não tinha voltado a comer o trigo ainda por não ter conseguido consulta com a minha gastroenterologista. Foi quando, no mês seguinte, minha menstruação atrasou oito dias, mas eu nem pensei que pudesse estar grávida, eu imaginava que era devido ao último ciclo da inseminação artificial, pois se usam muitos hormônios. Até que meu esposo comprou um teste e disse pra eu fazer que eu estava grávida. E lá estava: duas linhas muito fortes… eu nem conseguia acreditar … parecia um sonho.
Apesar de ter tido uma gripe muito forte no começo da gravidez, e sentir que minha dermatite havia piorado muito na gestação, tudo ia muito bem com o bebê, todos os exames estavam ótimos, fizemos a ultrassonografia das 12 semanas e estava tudo bem. Mas, para o meu desespero quando fizemos outra ultrassonografia com 16 semanas meu bebê não se mexia… não havia batimentos. Foi a pior dor da minha vida. Fizemos os exames que foram possíveis e nada de errado foi encontrado no meu bebê. Um relato que eu quero compartilhar com vocês futuramente… mas que eu não quero focar só na dor… quero contar principalmente com lidei com ela.
Depois do ocorrido, ainda no hospital, já comecei a ingerir trigo novamente, pois, eu não queria tentar outra gestação e queria me livrar o mais rápido possível daquela suspeita de doença celíaca.
Depois do aborto eu notei que novamente algo diferente estava acontecendo com meu corpo. Eu tinha pequenos espasmos, que são movimentos involuntários, e eles foram aumentando cada dia mais… e mais … à medida que eu voltava a ingerir o trigo e voltava a comer saudável.
Repeti os exames depois de três meses comendo trigo todos os dias… e nada. Novamente todos os exames foram negativos. Nesse momento eu já não sabia mais o que pesquisar… já havia dois anos que meu cobre estava baixo e nada havia me acontecido… detalhe: o cobre subiu na gestação, mas após a perda caiu novamente.
Após me recuperar emocionalmente do que havia acontecido eu já não me importava mais com aquele cobre baixo… voltei à minha vida normal, fazia atividade física e continuava minha rotina de alimentação saudável, mas a minha dermatite piorava cada dia mais, eu já não suportava mais. Foi então que ouvi pela primeira vez a palavra que fez meus olhos brilharem: “histamina”. Minha alergista, que nunca pesquisou nada muito a fundo e só me enchia de pomadas, disse que a alimentação poderia influenciar na coceira devido a liberação de histamina, mas não me disse o quanto.
Foi então que eu comecei a pesquisar na internet e pela primeira vez achei o termo intolerância à histamina. Eu tinha alguns sintomas, mas nada que eu pudesse concluir que eu tinha exatamente aquilo. Eu cheguei a me consultar com uma nutricionista e tentar fazer uma dieta com baixa histamina, mas ela não tinha muito conhecimento nessa área e hoje eu sei que na verdade eu não fiz uma dieta de baixa histamina.
Meus espasmos só iam aumentando e eu me preocupava cada dia mais, eu cheguei a ficar uma semana sem dormir direito porque meu corpo não ficava parado. Nesse momento eu fui a um pronto socorro e disse que queria ser consultada por um neurologista pois eu tinha certeza de que era algo neurológico. Consegui que a Neuro me atendesse, ela me examinou, disse que pelos testes físicos eu não tinha nada neurológico. Saí de lá com um remédio de ansiedade prescrito. Mas eu sabia que não estava ansiosa.
Após ela dizer que não era nada neurológico fiquei mais tranquila e marquei uma consulta particular, assim eu sabia que teria mais atenção. Fiz a consulta fiz vários exames e novamente tive a resposta de que não tinha nada neurológico. Nesse momento eu já não sabia mais o que pensar que eu tivesse…era como se meu corpo estivesse meio “louco” eu sentia tanta coisa e não tinha nada… como era possível?
A essa altura eu já havia passado até por uma endocrinologista… pensando que pudesse ser algo relacionado a algum distúrbio da tireoide. Que também não apontou nada.
No final das contas eu não me preocupava mais… afinal… eu já havia pesquisado tudo e o interessante é que os espasmos diminuíam e aumentavam aleatoriamente. A única coisa que me incomodava era a coceira da dermatite que insistia em piorar. Foi aí que eu entrei na internet e busquei um nutricionista especializado em alergia, pois eu achava que era meu caso, para minha “sorte” ela também entendia de intolerância à histamina.
Eu já havia gastado muito dinheiro com médicos que não me resolviam nada… então… decidi seguir a tal nutri no Instagram e cortei as principais coisas que ela dizia piorar a histamina. Foi então que eu fiquei maravilhada… pois em 20 dias minha coceira praticamente havia sumido. Parecia mágica.
Marquei a consulta online pois ela é de outro estado, ficamos três horas na primeira consulta, nos primeiros 5 minutos após eu dizer os sintomas que eu tinha e as coisas às quais eu reagia ela sugeriu que eu era alérgica a sulfato de níquel e intolerante à histamina. E mais… ela me explicou que provavelmente meu cobre não subia porque meu corpo demandava demais devido a essas dificuldades.
Fizemos o teste de contato e o teste genético, e sim… confirmamos meu diagnóstico. Enfim eu tinha um diagnóstico pra chamar de meu. Apesar de ter a alergia a sulfato de níquel, tenho um nível moderado, e durante os testes com a dieta já percebi que o que mais me prejudica mesmo é a intolerância à histamina… eu nem acreditava que depois de tudo… quando com o que eu menos me preocupava era com o cobre… eu poderia ter achado a causa. E lá estava ela… um mês de dieta correta e um cobre que chegou a ser de 48 passou para 118.
Mas… e agora?
Eu pensava que era o fim… mas era só o começo de uma nova batalha diária. Há essa altura já era o mês de julho do ano de 2023. Como eu disse apesar de ter o diagnóstico de intolerância à histamina fechado cada pessoa tem uma reação muito particular… então mesmo que você saiba o que fazer … você não sabe se pode mesmo.
É uma situação estranha, por isso eu quero continuar escrevendo mais sobre isso… ir contando sobre as coisas que aconteceram e acontecem comigo durante a dieta, e, principalmente nesse momento, onde depois de seis meses de tratamento eu consegui engravidar naturalmente novamente e hoje me encontro com seis meses de gestação e tendo que lidar com a intolerância à histamina desde o início da gestação, algumas providências tomei antes de engravidar inclusive.
Como eu disse não sou da área da saúde, logo, se você tem algum sintoma e não tem uma causa, mas se identifica com algo que escrevi aqui, procure um profissional especialista, pois eu perdi muito tempo e dinheiro… sem contar que durante três anos me alimentei exatamente com aquilo que eu não deveria, e que pode inclusive, ter sido a causa da minha perda.
Espero poder contribuir muito com vocês a respeito desse assunto, e, espero que vocês também me contem suas experiências, pois, pelo que aprendi até agora… tudo é muito relativo quanto a intolerância a histamina. Até breve!