Ansiedade Infantil - capítulo 01 da nossa jornada

Ansiedade Infantil: Capítulo 01 da nossa jornada.

Saiba como a nossa luta contra a ansiedade infantil começou.

Depois que virei mãe eu aprendi uma coisa: não importa quanto contato você já teve com crianças nessa vida…tem coisas que só vão acontecer com seu filho… ou você só vai perceber e dar importância porque é seu filho. A ansiedade infantil foi uma coisa que nunca me passou pela cabeça, eu nunca imaginei que crianças pudessem ter esse tipo de problema. Quando surgiu essa possibilidade aqui em casa eu comecei a me inteirar sobre o assunto e descobri que sim, que é possível e até comum. Aqui você vai saber como descobrimos e estamos aprendendo a lidar com ela no dia a dia da nossa família.

Compreendendo a Ansiedade Infantil

A ansiedade infantil é uma resposta a situações desafiadoras na vida de uma criança, como mudanças familiares, escolares e sociais. Aqui em casa, como foi o caso, ela se deu primariamente devido situações de manifestação do próprio corpinho que ele não entendia.

A ansiedade infantil pode manifestar-se de várias formas, incluindo preocupação excessiva, medo do desconhecido, dificuldade em se separar dos pais e até mesmo sintomas físicos. Embora seja natural sentir alguma ansiedade durante o desenvolvimento, quando persistente ou intensa, pode interferir no bem-estar e no funcionamento diário da criança.

A compreensão e o apoio dos pais, juntamente a orientação de profissionais, quando necessário, são essenciais para ajudar a criança a enfrentar e superar esses desafios emocionais.

Sinais de Ansiedade Infantil

Os sintomas de ansiedade infantil podem variar de criança para criança, mas geralmente incluem preocupação excessiva, medo do desconhecido, irritabilidade, dificuldade em dormir, queixas físicas frequentes (como dores de cabeça ou de estômago), evitação de situações que causam ansiedade, dificuldade em se separar dos pais ou cuidadores, e dificuldade de concentração.

Algumas crianças também podem apresentar comportamentos como roer unhas, balançar as pernas compulsivamente ou manifestar irritabilidade e choro frequente. Esses sinais podem afetar o desempenho acadêmico, social e emocional da criança. É importante estar atento a esses sintomas e buscar apoio adequado para ajudar a criança a lidar com sua ansiedade.

Aqui em casa o primeiro sintoma que percebi foi o ranger dos dentes enquanto dormia. Foi a primeira coisa que me causou estranheza.

Nossa experiência com a Ansiedade Infantil

Eu desde pequena sempre convivi com crianças, aos 14 anos “cuidava” de três todos os dias pela manhã, era meu jeito de ganhar um dinheirinho naquela época, mais tarde quando decidi sair do interior para estudar fui morar com uma prima que também tinha um bebê e ajudei a cuidar dele até dois anos.

Meu primeiro emprego foi em uma creche da prefeitura onde eu morava na época…trabalhei por 2 anos letivos com crianças de 2 a 4 anos. Tenho uma sobrinha hoje com 10 anos que também convivi com bastante proximidade. E nunca…nunca vi acontecer certas coisas que só passei com meu pequeno.

Gustavo sempre foi uma criança muito tranquila…pelo menos eu achava que era. Foi para a creche por um pequeno período, mas logo consegui uma babá que ficasse com ele em casa.

Eu sempre tive um pouco de TOC (transtorno obsessivo compulsivo) e sempre carreguei muitas coisas negativas que hoje percebo recebi das pessoas que cuidaram de mim…sem intenção de me fazer mal é claro…era uma pessoa que tinha muito medo de tudo… tinha medo inclusive de engravidar.

As vezes em certas situações que são “bobas”, nas quais ele estava presente, minha reação era muito exagerada. Ainda veio a pandemia que tornou tudo mais difícil…nas poucas vezes que saíamos eu não o deixava colocar as mãos em nada e vivia passando álcool.

Logo que ele fez 3 anos me lembro que passamos o dia das mães muito bem. Em seguida vinha o feriado de corpus Christi… estávamos em casa devido a pandemia e ele fez um cocô bem molinho, como nunca tinha feito, virei pra ele e disse: olha meu filho você fez sua primeira diarreia!

Na hora ele não me perguntou nada… mas eu e meu esposo percebemos ele “diferente”. Ficou 2 dias sem pedir pra fazer o cocozinho…foi aí que vimos que ele estava com algum problema… porque ele sempre ia todos os dias direitinho. Foi então que eu perguntei a ele se ele estava com medo da “diarreia”, já que foi a única coisa diferente que havia ocorrido.  Ele respondeu que sim.

Eu acho que a cabecinha dele não conseguia entender o que era aquilo, nem o motivo de acontecer e ainda se aconteceria novamente, pelo menos pelas perguntas que ele me fazia foi isso que entendi que pairava na mente dele. Depois disso passou a querer que a gente ficasse abraçadinho com ele todas as vezes que ia ao banheiro.

No feriado fomos para a casa do meu pai no interior, lá eu percebi que ele piscava muito o olhinho…quando voltamos para casa só foi piorando…logo ele piscava muito o olhinho e a boquinha também ia de lado. Era dolorido de se ver…e eu sabia que também era sofrido pra ele.

Eu fiquei desesperada e como sempre fazia fui logo olhar na internet…claro que a maioria das coisas que a gente acha é coisa ruim né…até que encontrei uma neurologista explicando que sim…era um sintoma que poderia ser algo mais sério, mas que também era uma coisa muito comum de acontecer com crianças. Logo pensei…como comum? Eu nunca vi isso na minha vida…tinha que ser logo com ele? Em nenhum momento no vídeo ela falou da possibilidade de ansiedade infantil.

Fiz todas as coisas que a neuro indicou…levei à pediatra que indicou ir ao oftalmologista pra descartar outras coisas e aguardei, já que ela disse que o normal era que sumisse sozinho.

Nessa época ele não ia à escola…, mas para onde íamos todo mundo perguntava e ele ficava chateado tadinho…isso me cortava o coração.

Acabei voltando à pediatra porque já havia se passado quase dois meses e nada…foi então que ela disse que ele não precisava ficar assim…que existia remédio para isso e me indicou uma neurologista.

Fui à neurologista indicada e ela foi muito acolhedora e gentil…fez alguns exames no Gustavo e olhou para mim e disse: calma mamãe…isso vai passar. Aquilo foi um acalento na minha alma…pois na minha cabeça eu só pensava que meu filho teria esse tique para o resto da vida.

Logo que ela passou a medicação meio que caiu a minha ficha…era um ansiolítico. E eu pensei: gente como que meu filho pode estar com ansiedade…ele é apenas uma criança…não tem nenhuma preocupação?

Mas ele tinha… ir ao banheiro para ele havia se tornado um tormento…tudo porque eu dei um nome diferente ao cocozinho dele naquele dia.

Foi aí que procuramos ajuda psicológica, comprei livrinhos coloridos sobre desfralde, desenhamos várias diarreias com tinta…tudo pra que ele entendesse e perdesse o medo.

Depois de muita oração e com a medicação graças a Deus em menos de um mês aquilo já tinha passado…, mas ela disse que teria que usar por pelo menos seis meses.

Assim fizemos e ele ficou bem…isso já era dezembro de 2021. Em maio de 2022 engravidei, mas em agosto, como já comentei antes aqui, tive uma perda…foi um baque para todos nós…principalmente pra ele…fiquei no hospital 3 dias…quando voltei para casa, dois dias depois, novamente ele voltou com o quadro do olhinho. Eu que já estava com o coração aos prantos ainda tinha que passar por isso novamente.

Procurei novamente a neurologista, mas ela havia parado de atender pelo plano. Achei a consulta um pouco cara então decidi procurar uma psiquiatra…tive uma experiência péssima…ao invés de me acalmar disse que ele poderia ter outros tipos de tiques e disse que não iria passar remédio controlado e que o remédio que passaria era um fitoterápico e que não adiantaria muita coisa.

Saí da consulta odiando a mulher e então consegui agendar com um neurologista. Ele me atendeu muito bem…acalmou meu coração… disse que aquilo era normal no consultório…disse que meu filho estava ótimo que eu não precisava me preocupar com ele…disse pra eu me acalmar que isso iria refletir no bem estar do meu filho. E então pela primeira vez um profissional utilizou a palavra ansiedade infantil quando se referiu à dificuldade do meu filho. E sim…ele passou medicação e disse que eu não precisava me preocupar que era muito seguro.

Conclusão

Novamente fiquei em paz…novamente ele tomou a medicação e ficou bem. Foi aí que eu percebi que eu tinha um problema para resolver, que o primeiro episódio não foi uma coisa isolada e que poderia acontecer outras vezes. Então eu tive que parar, respirar, repensar a nossa vida, sair da correia em que estávamos vivendo. Eu entendi que ele tinha muita dificuldade em lidar com algumas coisas e que eu teria que ajudar de algum jeito. Mas como? Se nem eu mesma sabia lidar direito com a minha ansiedade?

A gente já tinha procurado ajuda psicológica, e sempre que foi necessário retornamos a ela. Mas eu entendi que teria que ser algo mais forte, algo que de fato impactasse ele e transformasse algo que já estava enraizado na cabecinha dele.

Foi então que eu decidi adaptar algo que eu usei comigo mesma logo após meu aborto. Logo que tudo aconteceu eu encontrei no Instagram um perfil que falava para mulheres tentantes. Ela tinha um destaque para mães de anjo e dava dicas de coisas que poderíamos fazer para tirar o peso da perda do coração. Depois eu entendi que o que ela ensinava era um meio de reprogramação mental, e isso me ajudou muito. Foi então que eu percebi que isso também poderia ajudar meu filho a lidar com a ansiedade infantil, eu só teria que criar formas de utilizá-la nas situações específicas dele.

Junto a isso, me repensei, e tomei atitudes que uso com ele no dia a dia. Tudo na tentativa de desconstruir vários medos e uma ansiedade que, eu, sem querer, havia passado para ele. Bom… esse não é o único capítulo de ansiedade infantil que tivemos aqui em casa… essa é uma luta diária. Nos próximos posts vou contando a vocês tudo que ainda aconteceu depois e ainda acontece até hoje. Eu não imaginava o quanto eu poderia ajudar meu filho mudando a mim mesmo e fazendo coisas simples…mas marcantes para ele.

mamaehistaminada

mamaehistaminada

Uma mulher que lutou anos para realizar seu sonho de maternidade e que ama ser mãe, e que, mesmo com toda a dificuldade do dia a dia diante do diagnóstico de intolerância à histamina ainda se propõe a encarar novos desafios pensando em ter mais tempo de qualidade com os filhos.

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